segunda-feira, 30 de agosto de 2010

R.I.P

Imperfeito, rondando, suavemente, todas estas promessas que se espatifam. Sentindo.
Respirando, enferrujando minhas articulações. Calmamente.
Vamos parar para observar os olhos.
Minha comemoração decadente. Rasgando as luvas negras, eu acredito que o amor é um pouco mais do que admitir.
Enquanto você caminha, em seu vácuo, sem chão. Caindo eternamente nas lembranças.
Diga adeus ao coração que bate, e a todo o cigarro que você fumou. Eu vou queimar sua respiração junto com estas fotos.
Enterrem minha esperança junto a ti.
No hospital, ou sentado na varanda. Toda vez que eu tentei falar com você. Espremendo até virar sangue. Não tem mais concerto.
Eu não quero sentir mais.
Ninguém mais pode ver estas lembranças. Eu apertei a sua mão, e depois ela apodreceu no chão.
Ainda estou vazia. Os sais das águas passadas queimam nos pensamentos de todos nós.
Sua voz aqui novamente, pecados suaves. Voe para longe das tragédias humanas.
Me deixe deitar junto a ti, e dizer todas as coisas que eu nunca disse. Eu sempre te invejei a partir daquele dia.
Esta doença nunca foi você. A ultima coisa que vejo é dor.
Acima das veias perfuradas, ou dos ossos quebrados. Definhando, deitado na cama, acordado a noite inteira esperando alguém que nunca vem.
Eu me detesto por ter respirado e você não.
Amarrada em laços, meu estomago dói. Até isso finalmente me rachar ao meio.
Flores, aquele carro e aquele descanso eterno em que acreditamos. Eles ficaram órfãos. Depois de todo o abuso cultivado, seu pulmão estourou. Não se preocupe mais.
Dê-me toda a sua dor, todos os teus remédios, e cure a alma de quem te ama. Ela não tem medo e logo se juntará a você.
Todos os corações que choraram, e todas as palavras que foram desperdiçadas. Perdoe-me por não ter dito isto antes.
Agora você não me ouve mais. Estou limitada pela vida deixada.
Ah eu estou tão cansada, deitada aqui, para sempre. Me mande um ultimo sinal. E se for minha ultima chance, eu jamais vou te deixar morrer.
Meus olhos contaram mentiras, mas você pode despejar minha sanidade novamente.
A canção da sua morte. Viver para sempre não tem a ver com imortalidade.


Dedicado ao meu avô.
1923-2009

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