segunda-feira, 2 de julho de 2012

Noite.

Ela apareceu completamente tonta. Não que ele se importasse, não estava nem ai, a única coisa que realmente interessava era poder trepar com ela. Apenas uma garota para se levar para cama, e ela sabe se virar quando é jogada fora. O único problema é que ela gosta de transformar as coisas em algo simbólico, segundo seu agrado. Nada permanece na neutralidade, e o que houve com ela naquela noite? Ele parou e sorriu radiante. Era problema inteiramente dela, não dele. É claro que ele gostava dela, gostava do seu corpo, ou dela estar ao alcance das mãos. Mas era apenas uma fração, e seus pensamentos não importavam nem um pouco. E ela sabia disso.
Caminharam um pouco antes de ir para a casa dele, enquanto ela ia de um lado para o outro a procura de dentes de leão e falando bobagens. O céu não estava muito escuro, e tudo parecia falso e artificial, nada que faça parecer menos patético para ela, que se encontrava em um estado entorpecente e precisava se libertar de algo invisível.
No meio de conversas aleatórias, ela o acusou de ser falso, e se ele concordou que era falso, a intenção era de prevenção e não uma ameaça. Mas lhe deu um frio na espinha quando ele declarou isso. Era tudo muito besta.
De qualquer forma, eles seguiram para casa dele. Ambos os casos eram lamentáveis, deitaram na cama e treparam.
Do sexo, pode-se dizer que foi algo vazio que só se pode guardar uma vaga lembrança. Não que tivesse sido ruim, não foi este o ponto. Ele sabia acariciar de maneira incomparável, e tinha experiência o suficiente para fazê-la gemer de verdade. Porém era perceptível que algo ia mal, e era de comum interesse ignorar isto.
Era óbvio que ele a via como uma garota maluca depressiva que teria depositado nele todas as esperanças, o que mostra que ele tinha uma boa opinião de si próprio, mesmo que significasse que ele era prepotente e egoísta. Enquanto ela apenas extraia um grande vácuo, buscava apresentar todas as suas formas, agindo como se estivesse apaixonada. Era uma forma tola de se portar, e ela sabia disso, sabia também que era mesmo uma menina boba e ingênua, mas não era completamente idiota de se deixar tomar por um cara que nem consegue mais escrever uma poesia. A agitação louca era o que a mantinha viva, mesmo que fosse certamente uma chama apagada. O que tornava tudo ainda mais constrangedor.
Eles tomaram banho e ele a levou para casa, deixando ela se esquentar debaixo do seu casaco, se funcionaria, pouco importava, era só mera educação. Queria toca-la e não possuí-la. Era simples. Ela que teimava em complicar de mais as coisas.

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