Sabe, eu queria tanto explicar por que eu lutei tanto para não desistir. Mas é tão difícil exprimir minhas emoções para alguém incapacitado de senti-las, ou compreende-las. A dor da desistência mostra minha incapacidade de tomar atitudes corretas e demonstrar as verdades que eu não consigo fazer. E eu teria tanto para fazer se eu pudesse com clareza. E agora que eu provei meu ponto e descobri que estava certa, esta certeza que me corrói me deixa incapacitada de tomar outra atitude, a não ser suportar minha auto-mutilação.
É terrível a previsibilidade da mente humana, principalmente quando levo em consideração o fato de que eu estou correta, e até em minhas apostas mais altas eu acertei comigo mesma. Eu sempre acerto este ponto pré-determinado. E isso também se torna previsível em todas as relações que eu travo com seres humanos.
É um dos riscos de adentrar a mente, como você deve saber.
Agora sentir todos os efeitos, e chorar por todas as arestas da minha própria decisão é a única medida a ser tomada. E isso condiz tanto com minha personalidade falha que se torna uma repetição do teatro já montado em minha mente.
Mas não é o sofrimento que me incomoda, e sim a ausência de máscaras para comigo mesma e tudo aquilo que eu terei que fazer. E a dignidade nunca foi meu forte. Mas a destruição sim.
Você bem sabe que depois de tantos infortúnios eu me tranquei dentro deste pequeno palco de ilusões. E arrisquei até a última gota do meu sangue, e o sangue pesa.
Mas para bom entendedor meia palavra basta.
E minhas máscaras estão sempre caindo e se quebrando conforme mudo o roteiro em minha mente. A verdade é que não existe mais verdade. E tudo vai acabar exatamente como estou prevendo. Isso é irritante e reconfortante ao mesmo tempo.
Eu não quero nada do que eu disse que queria. Eu sou o espetáculo teatral que me ensinaram ser.
Porém eu sinto, dentro de padrões e normas estipuladas por mim, eu sinto.
E isso que isso vai quebrar muito em breve.